Quer que eu desenhe?

Ontem eu resolvi sair com minha amiga Rafaela, 21 anos, pedagoga; para lanchar no melhor lugar da cidade que fica bem pertinho da casa dela. Ela tinha acabado de voltar de viagem, (tinha ido para Natal) e nós íamos aproveitar para colocar as fofocas em dia. Como eu disse, íamos. De repente chegou dois carinhas, conhecidos nossos, amigos de uns amigos nossos lá. (Que sempre vão no mesmo lanche, todos os dias diga-se de passagem e nós os conhecemos lá mesmo; através desses amigos em comum.) Nós os comprimentamos, e não demorou muito eles sentaram na nossa mesa. Até aí tudo bem, os caras são legais, engraçados e tudo mais. Conversamos, rimos. Minha amiga contou sobre a viagem dela, e ficamos tempos lá. Eis que... Um cara da mesa do lado resolveu me encarar, e encarar mesmo. NÃO PARAVA DE OLHAR. Fiquei muito sem graça, porque eu não queria nada com ele. Se ele viesse falar comigo, teria que dar um fora, e ia ser muito chato a situação toda. Para piorar a situação toda, uns dos carinhas que estava com a gente resolve sentar do meu lado, e vira para mim e diz: - "Pronto agora ele não te olha mais." E passa o braço no meu ombro. PENSA NISSO: PASSA O BRAÇO NO MEU OMBRO. Olha aqui querido, por mais que eu não esteja gostando do cara da mesa do lado me olhando; eu não vou gostar de você me abraçando também não. EU NÃO TE PEDI ISSO NÃO. Eu sou grandinha, sei me virar sozinha. Fico grata, obrigada. Muito delicadamente tirei o braço dele de mim. E eis que ele fala para o amigo: - "Nossa, olha como ela é paia."
Eu pensei, paia? Paia eu? Primeiro que essa palavra é ridícula, mas enfim e segundo que eu não pedi para que ninguém me abraçasse não. Problema resolvido. Assim pensava, minha amiga resolve falar para mim e para o senhor abraçador: "Gente, eu estou afim do Gege." (Sim, esse é o apelido do segundo carinha da mesa) Tudo bem, tudo bem. Mulheres. E não é que o tal Gege estava afim dela também? Pagamos a conta, e eu na minha santa inocência pensando que iria embora para minha casa... Quando escuto a famosa frase: - "Nos vamos deixar vocês em casa." Minha amiga que estava afim do tal Gege amou a idéia. Eu já fui logo respondendo: - Pode deixar, eu moro longe. Vou de táxi mesmo.
- "Mas nós acompanhamos vocês até na casa da Rafa, que é aqui perto." Eles responderam.
Tudo bem, até aí não seria nada. Até que quando eu olho para trás, cade minha amiga? Cade? ELA ESTÁ PEGANDO O GEGE! COMO ASSIM? Vocês nem viraram a esquina! Meu Deus!! No meio da rua. Não fiz outra coisa a não ser rir. E aí que meu pesadelo realmente começou, o senhor abraçador veio pro meu lado e começou a tentar me beijar. EPA, PERAÍ. Que isso meu irmão. Não é porque os dois ali estão pegando fogo que nós dois precisamos também não.
Alguém por favor me conta, onde está essa tal lei que diz que se tiver um casal se pegado e dois de vela, eles necessariamente tem que se pegar? POR FAVOR ME DIGAM! Porque eu vou reescrever essa tal lei. Pessoas, isso não existe. Desde que o mundo é mundo, pessoas ficam de vela sim. Eu sempre fiquei. E eu sou uma vela super legal e conformada com a minha situação de vela. (A não ser em casos onde os casais não saibam se comportar, e ficam se agarrando tanto em que fica extremamente constrangedor estar perto deles. Mas com casais, que sabem ser legais, e amigos eu não me importo mesmo e pelo contrário; adoro a companhia deles.) Sempre sai com vários, e sempre fui vela oficial. Da Yasmim (Inclusive um já até coloquei o Andrezão para dançar umas dançinhas ridículas em desses dias velas meus), E ultimamente tenho sido a velissíma oficial da Alice e do Tigrão, e eu adoro de verdade sair com os dois. Então não me venham com essas teorias de que se duas pessoas estão se pegando, e sobram duas; ESSAS DUAS DEVEM SE PEGAR. COMIGO ISSO NÃO EXISTE! E PRONTOFALEI.
O menino ficou lá falando, falando. E falei: - NÃO. Não quero ficar com você. Pode até ser que muitas mulheres façam cú doce e sei lá o que mais, mais isso comigo não existe não. Não quero, é não quero mesmo! E pronto. Saco.
E foi isso até o final da noite. Até eu conseguir ir embora. Mas só que antes de ir embora, o senhor abraçador finalmente conseguiu o que queria. Ganhou pelo cansaço, e eu dei um beijo nele para ver se ele parava de me encher o saco. Vou ter que ficar um tempo sem ir no lanchinho. Infelizmente. Minha amiga aproveitou horrores a noite dela. Foi feliz com seu Gege.
Eu aprendi que da próxima vez vou ser curta e grossa: - Eu disse não. Entendeu ou quer que eu desenhe? Mas que situação!